terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Obama anuncia ações contra armas: ‘Temos que evitar próximos massacres’


WASHINGTON — Em mais um capítulo da briga de Barack Obama para combater a violência armada nos Estados Unidos, o presidente anunciou nesta terça-feira uma série de medidas para controlar a venda de armas de fogo. Em discurso na Casa Branca, Obama se emocionou ao lembrar o massacre na escola primária de Sandy Hook, em 2012, e reafirmou a necessidade de aumentar as verificações dos antecedentes criminais para os compradores de armamentos, além da obrigação de que todos os vendedores façam o licenciamento federal, online ou presencial. Para o líder americano, essas medidas não vão acabar com a incidência de ataques a tiros no país, mas pode evitar ao menos um desses tristes episódios.

— Todos os anos, as vidas de mais 30 mil americanos são tiradas por causa da violência armada. Milhares de pessoas têm que enterrar seus entes queridos — disse Obama. — É preciso um senso de urgência para debater o assunto, porque as pessoas estão morrendo. E as desculpas usadas não são mais suficientes. Não devemos debater os massacres antigos, mas evitar os próximos.

Em um pedido ao Congresso, de maioria republicana, o presidente democrata disse que os EUA não podem mais esperar por medidas para evitar que armas estejam ao alcance de pessoas perturbadas e até de crianças. Obama ainda ressaltou que defende o direito constitucional ao porte de armas, mas enfatizou que vai tomar as medidas que acredita serem necessárias. A questão do controle de armamentos é uma das que mais divide os americanos, com muitos vendo qualquer tentativa de regular armas de fogo como uma eventual violação dos direitos constitucionais.

— Acredito que podemos encontrar maneiras de reduzir a violência armada de formas consistentes com a Segunda Emenda— afirmou, fazendo referência ao direito constitucional ao porte de armas nos Estados Unidos. — Se uma criança não pode abrir um frasco de aspirina, nós devemos assegurar que ela também não possa acionar o gatilho de uma arma — afirmou.


Obama, que vem acusando republicanos e mesmo alguns democratas de se submeterem ao lobby da indústria de armas americana, disse que o país não virar refém dessa prática:

— O lobby das armas pode está fazendo o Congresso refém, mas isso não pode ocorrer com os EUA.

Durante a cerimônia, o pai de uma das vítimas do ataque à escola primária de Sandy Hook, em 2012, discursou.

— Todos as mortes provocadas por armas podem ser evitadas. Essa é uma luta que o presidente não pode lutar sozinho, e nós precisamos de sua ajuda, precisamos da ajuda de todos — disse Mark Barden.

As intensas palavras do presidente receberam o apoio de seus correligionários envolvidos na corrida presidencial. No Twitter, Hillary Clinton, principal nome da disputa entre os democratas, afirmou que “É possível proteger a Segunda Emenda (que garante o direito dos cidadãos de portar armas) e ao mesmo tempo proteger as famílias da violência das armas de fogo. O próximo presidente deve desenvolver essas medidas e não acabar com elas”.

Já o ex-prefeito de Baltimore Martin O’Malley afirmou que “uma vida é mais importante que todas as vendas de armas”, enquanto o senador Bernie Sanders — criticado após os debates democratas por sua maior tolerância com a venda de armas de fogo — afirmou que “nenhum massacre, por mais sangrento que seja, inspirará os republicanos a colocarem crianças e inocentes acima dos interesses da Associação Nacional do Rifle (NRA, o poderoso lobby de defesa das armas)”, e expôs seu apoio às medidas.

Já entre os republicanos, as ações executivas de Obama foram alvo de duras críticas. O senador Marco Rubio afirmou que o presidente é “obcecado com minar a Segunda Emenda”, e o ex-governador da Flórida Jeb Bush prometeu revogar as ações executivas caso seja eleito.


Ben Carson, Carly Fiorina e Ted Cruz também criticaram a medida, classificando-a como “inconstitucional”. Já Rand Paul afirmou, ainda na segunda-feira, que lutará “com unhas e dentes” contra as medidas.

Fonte: O Globo