sábado, 5 de outubro de 2013

O Piauí e a década perdida de 1970, parte II.


A economia piauiense ficava cada vez mais dependente e caminhava na incerteza. A

SUDENE, pela sua divisão agroindustrial, informava que o Piauí tinha um projeto para

a produção de papel e papelão a partir da folha da carnaúba. Para isso estavam sendo

investidos recursos de Cr$ 400 milhões para a produção da pasta crua, polpa celulósica

e cera. Seriam gerados direta e indiretamente mil empregos na região de Parnaíba.

Em relação à Estrada de Ferro Central do Piauí, diretores da Rede Ferroviária Federal

vieram conhecer o estado dos equipamentos enquanto a SUDENE entregava estudo

sobre a bacia do rio Parnaíba. Havia a estimativa de investimentos de Cr$ 2,6 milhões.

O ministro Reis Veloso vinha a Recife para o Encontro Regional de Exportação e

naquela ocasião anunciava a possível visita do presidente Geisel a Parnaíba. O deputado

Alair Ferreira, presidente da COBRÁULICA, visitou Parnaíba e Luiz Correia para as

providências das obras do porto de Amarração.

Em abril era realizada em Parnaíba a 27ª Reunião da Comissão de Turismo Integrado

do Nordeste, com a presença do presidente da EMBRATUR, Said Farah e o presidente

da PIEMTUR, Anchieta Correia. O presidente da Comissão Executiva do Sal, Agenor

Almeida, anunciava uma reunião com os produtores do Piauí, Ceará e Maranhão. O

Brasil passava a ser ligado a 18 países europeus pelo sistema DDI. Na mesma ocasião o

engenheiro Alberto Silva era nomeado por Geisel, presidente da Empresa Brasileira de

Transportes Urbanos.

Mas as promessas não paravam. Era anunciada a chegada dos primeiros equipamentos

para as obras do porto e que o aeroporto seria inaugurado no dia 10 de maio, data

que sofreu mudança para cinco dias depois. Quando for realmente estudado, aquele

ano de 1976 será considerado um grande divisor de águas sobre todos os aspectos,

político, econômico e social. O governo piauiense anunciava um programa especial

orientado para a preservação do patrimônio de pedra e cal, mais precisamente os prédios

históricos. Seria recuperada a Casa Grande de Simplício Dias para a instalação de um

museu.

Este projeto seria entregue a uma empresa, a CLAP, Companhia Latino Americana de

Planejamento, com larga experiência em projetos arquitetônicos e urbanísticos. Ainda

no primeiro semestre o industrial José de Moraes Correia entregava a Dirceu Arcoverde

a primeira amostra branca de cera de carnaúba. Era o resultado de um projeto pioneiro

de sua empresa para ser analisado pela SUDENE. Na questão de transportes a VARIG

anunciava o pouso e decolagens em Parnaíba de seu Boeing 737 Super Advanced.

Seria às segundas e quintas-feiras o vôo São Paulo - São Luiz com escala no Rio,

Salvador, Paulo Afonso, Recife e Fortaleza, oferecendo conexões da Cruzeiro do Sul e

possibilitando transporte de cargas passageiros para Belém e Manaus.

Nessa mesma época que o ministro Reis Veloso anunciava em maio que estava

assegurada a liberação de Cr$ 40 milhões para a construção da ponte do Jandira, sobre

o rio Parnaíba, ligando a região norte ao Maranhão. Uma honra e tanto mereceu o

empresário Marc Jacob naquele ano quando foi escolhido para a comissão diretora

do III Encontro Nacional dos Exportadores, realizada no Rio de Janeiro. Finalmente

o Banco Central liberava a carta-patente para a instalação do Banco Econômico em

Buriti dos Lopes. Outra boa notícia vinha de Brasília, dada pelo deputado Celso Barros

Coelho. Ele apresentava projeto de lei criando a Zona Franca de Parnaíba entre esta

cidade e a de Luiz Correia.

Geisel continuava dando prestígio ao Piauí. Autorizou a concessão de apoio financeiro

excepcional no valor de Cr$ 80 mil destinados a cobrir déficit nas despesas de pessoal e

encargos sociais. A Cooperativa Regional dos Produtores de Sal convocava produtores

e toda a categoria para a eleição de seus sócios diretores e do conselho fiscal. Era

presidente o empresário parnaibano José Alexandre Caldas Rodrigues. No final de

junho daquele ano a superintendência da Rede Ferroviária Federal respondia a ofício

do deputado Ribeiro Magalhães anunciando providências em relação à linha Parnaíba –

Teresina para o transporte de pedras para as obras do porto de Amarração.

Mas na agricultura a situação ainda era de estagnação. O Piauí, segundo maior produtor

de arroz do Nordeste, ainda estava importando este cereal diretamente do Maranhão.

Enquanto isso notícias do governo davam conta de que estava em estudos a instalação

de um parque industrial em Picos, depois de concluído o plano piloto de um parque

semelhante em Parnaíba. Mas para a alegria de todos era também anunciada a visita de

Geisel ao Piauí em setembro daquele ano.

Por: Pádua Marques