segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O que é que tu vai ser quando crescer? - Por: Antônio de Pádua


Todo mundo ouviu ou fez esta pergunta um dia pra alguém. Dependendo da situação 

daquilo que estamos fazendo, demonstrando vocação, como se dizia no meu tempo, 

tendo queda  pra isso ou aquilo, estava respondida a pergunta. Agora era trabalhar e 

muito pra manter aquela curiosidade e audácia, duas características próprias de quem 

está se iniciando em alguma coisa. Não existe nada que dê mais satisfação do que 

quando estamos começando e alguém nos dá incentivo. 

E se na vida social esta curiosidade humana é maravilhosamente boa e importante pra 

o nosso crescimento, imagine em se tratando de uma cidade, com seus milhares de 

habitantes, cada um tendo seus sonhos e fazendo sua parte pra que no todo, no fringir 

dos ovos a coisa dê certo, a carroça ande e assim por diante. Porque o desenvolvimento 

coletivo, a distribuição do conforto na vida das cidades depende de que cada um faça 

sua parte, seja lá em que atividade seja. O importante é que o trabalho, a curiosidade, a 

audácia provoquem esta situação.

Digo isso porque outro dia me larguei a pensar sobre qual é a real vocação econômica 

de Parnaíba. Hoje com seus quase 170 anos, mais de 150 mil habitantes, carro, moto, 

bicicleta, mulher, velho e menino dando no meio da canela e ainda não se verificou qual 

ela é. Comércio, indústria, serviços, estagnação, recuos, tudo junto e misturado? Fica 

difícil pra qualquer pessoa, principalmente quem precisa decidir e rápido, que linha 

tomar quando se tem capital, mas não se sabe pela pouca visibilidade qual a expectativa 

de investimento. É a velha pergunta: a banda de vocês toca o quê?

Sinceramente esta dúvida ainda está me martelando a cabeça. Parnaíba precisa dizer 

qual a sua vocação econômica. Porque foram várias as iniciativas, principalmente 

de governo, tocando obras e desenvolvendo projetos de sustentabilidade, mas foram 

poucas as iniciativas do setor privado nesta parte do Piauí no sentido de dar um alívio, 

uma folga, nesta pesada missão do governo estadual ser o principal empregador de mão 

de obra. Esta cidade pela sua classe empresarial precisa e urgente mostrar iniciativas 

corajosas.

Porque ao que parece, a Parnaíba com a idade que tem e a população que tem, renovada, 

que tem zona norte e zona sul, moças bonitas, universidade e universitários, gente que 

tem autonomia intelectual, gente que anda fazendo bonito por aí afora, essa mesma 

Parnaíba ou parte dela ainda pensa e age com timidez, medo, covardia. Uma cidade sem 

representação e peso na sua indústria. Uma cidade que se fossilizou. Uma cidade onde 

nem as micro empresas ultrapassam o tempo de expectativa de que se espera quando se 

abre um negócio. 

Uma cidade que não tem ambição por e para um parque industrial, por menor que 

seja, uma cidade que não empregou e não está empregando centenas e até milhares de 

trabalhadores, jovens principalmente, onde uma população e qualificada fica esperando 

uma vida inteira a resposta da classe empresarial e não sai absolutamente nada! De que 

vive uma cidade dessas? Nesse tal projeto de irrigação, somente pra dar um exemplo e 

que tem um nome pomposo, Tabuleiros Litorâneos, que me perdoem alguns amigos que 

trabalham nele, até hoje tem sido um verdadeiro saco sem fundo a consumir recursos de 

governo! 

Desde 1983 que esse mostrengo engole verbas e mais verbas. Troca presidente da 

República ou governador e a história é a mesma. Depois vem ministro, todo mundo vai 

lá numa porção de carros, discursos, solta foguete e mais discursos, promessas e a gente 

acreditando que agora a coisa vai. Passado um tempo ninguém vê a situação andando 

ou demonstrando que está tomando um rumo, seja pra cima ou pra baixo. E fica no 

que está como sempre. O certo é que este tal de Distrito de Irrigação dos Tabuleiros 

Litorâneos em trinta anos ainda não deu sequer uma fabriqueta de doce de goiaba que 

seja. 

Perdão, tem apenas uma fábrica de cajuína, a do Josenilton Lacerda. Pra encurtar 

caminho que eu tenho mais é o que fazer: Parnaíba precisa é de indústrias, seja de 

pequeno e médio porte.  Mas que sejam indústrias empregando dezenas ou centenas 

de trabalhadores. Porque no meu entendimento ainda é a indústria a maior expressão e 

a materialização do princípio da economia. Parnaíba precisa definir o que quer da sua 

vida econômica, qual o seu perfil pra entrar no século XXI. Porque senão vai ser igual 

aquele pai que nunca botou o filho pra ter um ofício. Aí o bicho cresce e fica velho 

vivendo de bicos.